Na
jornada de contar uma história sobre Peirópolis para além dos
dinossauros, nos deparamos com os relatos das pessoas que lá
habitam. A partir desses relatos, é possível perceber quais são as
memórias desses moradores, tanto memórias individuais quanto
coletivas. De acordo com certo estudioso1,
é o processo de memória que define a identidade dos sujeitos, ou
seja, o sujeito é constituído através de suas lembranças. E é
por este motivo, que para entender Peirópolis em sua magnitude, as
lembranças dos moradores de lá são tão importantes.
Dentre
essas lembranças, o que mais se acentua, é que de uma forma ou de
outra elas estão ligadas aos processos de transformações que
ocorreram no bairro. Como a desativação da ferrovia, a chegada de
Frederico Peiró, e quando foram encontrados os primeiros fósseis....
Ao conversar com os moradores, percebe-se que todos têm alguma
coisinha para falar sobre esses fatos. Então, elencamos essas
memórias em sete eixos, as lembranças da Escola,
da Religião, da Ferrovia, dos Fósseis, das Doceiras, do Museu e por
fim, da UFTM.
Sobre a Escola, há um certo
orgulho quando mencionada. Foi fundada em 1910 por Frederico Peiró,
e naquela época a cidade de Uberaba contava apenas com um grupo
escolar para a cidade, enquanto Peirópolis já tinha sua própria
escola e que atendia a todas as crianças, de todos os grupos
sociais.
Já sobre a Religião, há um encontro de praticamente todas elas no bairro, no entanto, o espiritismo sobressai. Novamente, foi Frederico Peiró, em conjunto com Eurípedes Barsanulfo que iniciaram essa prática religiosa no local. Na fala dos moradores, é perceptível tal respeito às diferentes manifestações religiosas existentes na comunidade.
Já sobre a Religião, há um encontro de praticamente todas elas no bairro, no entanto, o espiritismo sobressai. Novamente, foi Frederico Peiró, em conjunto com Eurípedes Barsanulfo que iniciaram essa prática religiosa no local. Na fala dos moradores, é perceptível tal respeito às diferentes manifestações religiosas existentes na comunidade.
Outra memória comum aos sujeitos
de Peirópolis, é a Estação ferroviária. Desativada na década de
1970, os moradores mais velhos, relatam com saudade os tempos da
ferrovia. Pois, além de movimentar o bairro economicamente, também
fazia o transporte de pessoas, que poderiam ir a qualquer lugar. O
fim da ferrovia desestruturou o transporte no bairro. Isso porque nem
todos tinham veículos próprios e o transporte ferroviária era mais
barato que o rodoviário. Hoje, a locomoção dos moradores a outros
pontos da cidade, já não é tão difícil, pois os que não possuem
veículos próprios, utilizam o transporte coletivo.
Com o fim da ferrovia,
intensificou-se a exploração de calcário, E é nesse momento em
que foram achados os primeiros fósseis, no entanto, a empresa
continuou escavando e destruindo os ossos... Moradores lembram desse
fato e que também não havia lugar para pesquisar e guardar os
fósseis, por isso eram levados até o Rio de Janeiro. Houve um
processo de mobilização por parte dos moradores de Peirópolis afim
de barrar a exploração do calcário, e lutar por um local adequado
para pesquisar e guardar os fósseis. Assim, o antigo prédio da
estação ferroviária fora tombado e passou a ser utilizados para
estes fins, desta forma tornando-se o Museu dos dinossauros.
Com a instituição do Museu,
moradores apontam o início do turismo na região. As mulheres da
comunidade, veem essa movimentação como oportunidade para vender
seus doces tradicionais que ali eram produzidos, e são até hoje.
Fora cedido um espaço a elas e nasce a Associação das Doceiras. No
entanto, há relatos de algumas dissidências e o grupo não se mantém unido. A comercialização
dos doces, atualmente é feita na Casa do Turista e em outros pontos
do bairro.
Por fim, as memórias são da
chegada da Universidade Federal do Triangulo Mineiro, em 2010. A
princípio, a relação com a comunidade foi truculenta, uma vez que
a gestão universitária passou a tomar conta do museu e do
alojamento. Mas com o passar do tempo, tanto a comunidade quanto a
Universidade, perceberam que poderiam e podem trabalhar em conjunto
para a manutenção das belezas, histórias e magias contidas na
“pacata” Peirópolis. Através das memorias, lembranças e
saudades dos sujeitos de Peirópolis, podemos sentir o gostinho da
grandiosidade da História deste local.
1
John Locke in RICOEUR, Paul. Da Memória e da Reminiscência:
Memória Pessoal, Memória Coletiva. In: _____. A memória, a
história, o esquecimento. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2007.
p.105-142.
Lembranças vivas de Peirópolis
FONTE: Acervo PET História UFTM, 2019
Fachada da estação ferroviária
FONTE: Acervo PET História UFTM, 2019
Alojamento
FONTE: Acervo PET História UFTM, 2019
Manifestações religiosas em Peirópolis
FONTE: Acervo PET História UFTM, 2019
Escola da região, fundada em 1910
FONTE: https://www.uberabaemfotos.com.br/2016/12/escola-municipal-frederico-peirouberaba.html
Casa do turista, antiga propriedade de Frederico Peiró,
hoje funciona como ponto comercial
hoje funciona como ponto comercial
Antiga estação ferroviária, hoje funciona o Museu do Dinossauros
Acervo PET História UFTM, 2019