Quais identidades estão ligadas à Peirópolis?
Para David Lowenthal, identidade e memória estão indissociavelmente
ligadas, pois sem recordar o passado não é possível saber quem
somos. E nossa identidade surge quando evocamos uma série de
lembranças. Isso serve tanto para o indivíduo quanto para os grupos
sociais. (SILVA e SILVA, 2009, p. 204).
O bairro rural de Peirópolis foi e é composto por diversos exemplos
de identidade. Tal multiplicidade de identidades é fruto das
transformações ocorridas no bairro. Que perpassa desde o surgimento
do bairro onde havia a estação Cambará até a chegada da UFTM e os
dias atuais.
Com a chegada do Frederico Peiró e sua família vindos de outra
cultura e país, os funcionários da estação, da escola, das
fazendas ao entorno e até mesmo os funcionários da indústria de
cal e outros sujeitos que ali habitavam. Os paleontólogos por que
ali residiram, os antigos e atuais moradores faz com que esse lugar
singular evidencie a pluralidade das expressões identitárias.
Deste modo, a história evidencia que desde o início do bairro ao
longo do século XX e início do XXI a comunidade vem se modificando
e ganhando novas personagens.
Podemos citar também o trabalho coletivo de conscientização dos
moradores e a associação dos mesmos na luta para a preservação
dos fósseis, mesmo quando isso representou o desemprego para muitas
famílias que dependiam da exploração do calcário. Dando
surgimento assim a A Associação dos Amigos do Sítio
Paleontológico de Peirópolis.
O trabalho coletivo das doceiras que gera emprego e renda para muitas
famílias, onde as mesmas se uniram e fundaram a Associação das
Doceiras de Peiropólis.
A religiosidade que perpassa o local, por se tratarem de diferentes
práticas de natureza cristã, espíritas, católicos e protestantes
onde se relacionam respeitosamente, Chico Xavier foi uma figura
importante nesse cenário.
Enfim, há uma identidade de Peirópolis que talvez seja a que menos
aparece: a construção de conhecimento. Que desde a chegada de
Frederico Peiró se faz presente com a construção de uma das
primeiras escolas em Uberaba e a primeira do bairro que se faz
presente até os dias atuais e se encontra em pleno funcionamento, e
com a chegada da UFTM isso não foi diferente, a construção de
conhecimento traz consigo sujeitos que atualmente fazem parte do
bairro. Além disso, o grande número e de estudiosos e especialistas
que por ali passam, que por se tratar de zona rural não é tão
comum. Alguns moradores inclusive foram treinados para o trabalho e
manuseio das peças fossilíferas, devido à grande demanda de
materiais encontrados.
Referências:
SILVA , Kalina
Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos
históricos. 2.ed., 2ª reimpressão. – São Paulo: Contexto, 2009.