A imigração espanhola no Brasil

 

A imigração europeia no Brasil do século XIX partiu de uma demanda interna dos latifundiários para transição da mão-de-obra escrava para a livre, no entanto, num primeiro momento o império não tinha grande interesse pela imigração. Esta teve três momentos importantes: o de colonização agrícola (iniciada na década de 1820) que estabelecia pequenas propriedades rurais, o de parcerias (entre as décadas de 1840 e 1850) de fazendeiros de SP e o governo, onde imigrantes trabalhavam junto com escravizados nas fazendas de café e o sistema de colonato (pós década de 1880) onde o regime de trabalho imigrante era pago por fazendeiros e o processo de trazer esses trabalhadores para o Brasil era bancado pelos governos estadual e federal visando substituir os escravizados pós 1888. 

Na década de 1870 o sistema de parcerias foi abandonado por questões de funcionamento interno, visto que não haviam grandes vantagens aos imigrantes como imaginavam: conseguiam poupar pouco para si através desse sistema, além da exploração nos costumes escravagistas, o que fortaleceu o tráfico interno de escravizados, mas que bem devagar foi sendo legalmente proibida a partir da lei do ventre livre em 1871, demonstrando novamente a importância da importação de mão-de-obra.

Além disso, a partir da década de 1881 com a forte pressão dos grupos abolicionistas perante a escravidão que sustentava a economia, o esforço dos fazendeiros mais progressistas em trazer imigrantes europeus para o Brasil aumentou, principalmente em SP, onde foi criada uma hospedaria para recebê-los. Dessa forma, foi organizada uma sociedade de promoção da imigração pela classe rural, o que favoreceu a criação de leis que orientavam acerca de valores e perfis de imigrantes, por exemplo, só podiam vir famílias, que de fato se fixassem por aqui e que tivessem pelo menos um homem em idade produtiva.

Consequentemente, a partir da década de 1910 a imigração e migração dos europeus passou a ser mais autônoma devido a melhora dos salários e a sofisticação do mercado de trabalho, que se tornava cada vez mais industrializado e urbano nesse momento, o que também refletiu num crescimento populacional imenso.

Após a abolição da escravidão de 1888, surgiram muitos imigrantes estrangeiros no Brasil, tanto europeus quanto asiáticos. A maioria desses imigrantes eram de nacionalidade espanhola, seguido por italianos, e se envolveram especificamente na produção cafeeira e agrícola brasileira, a maior parcela desses imigrantes fixaram-se no estado de São Paulo.

Era muito variado as origens dos espanhóis que se deslocavam para o Brasil. Alguns vinham das províncias costeiras do norte e leste do país, enquanto alguns eram trazidos em navios. O fluxo migratório dos espanhóis no Brasil se dá ao fato de que muitos vieram em grupos familiares e trouxeram os filhos também, o que resulta na enorme quantidade de crianças imigrantes. Assim como muitos vieram para o Brasil, muitos voltaram para o seu país de origem, e a maioria eram homens solteiros e que atuavam na área da agricultura.

Muitos trabalhadores de cafezais iam para a Argentina colher trigo e depois voltavam para o Brasil para um novo contrato de trabalhadores de café, indicando que eram famílias não bem-sucedidas, que não conseguiam acumular economia suficiente. Nesse vai e volta entre países, muitos membros familiares perderam contato uns com os outros.

A mesma hospedaria que receberá os trabalhadores do café foi usada como mão de obra para os operários especializados, que em sua maioria, encontrou colocação nas fábricas da região do ABC, na grande São Paulo.


Referência:

KLEIN, Herbert S. A imigração espanhola no Brasil. São Paulo: Editora Sumaré: FAPESP, 1994. p. 11-64.