O dia é quinze de março de 2020. Domingo. Os grupos de watsapp da faculdade estão movimentados. Nas semanas que se seguem, o comunicado oficial é de que as aulas estão suspensas em função da pandemia do Covid-19. Como bons historiadores que somos, é aqui que começa essa história.
Dizem que somos apegados ao passado e às coisas antigas, mas o PET História rapidamente se adaptou: na primeira semana de calendário suspenso já tivemos nossa primeira reunião online, com problemas e dificuldades, é claro. Nem tudo são flores e nem todos dominavam as ferramentas, mas de pronto, reorganizamos todo o nosso cronograma de atividades de 2020 para a modalidade remota. Afinal, o PET não pára.
E
as leituras e debates dos encontros de quinta-feira na casa PET? Mesmo dia e
horário, mas online, via meet, com alguns convidados especialistas sobre o
tema. Entre a Civilização e a Modernização de Peirópolis, matamos as saudades
de alguns professores.
E
a pesquisa no Arquivo Público de Uberaba? Se voltou completamente para os
acervos digitais disponíveis para consulta pública, tanto no Arquivo Público de
Uberaba, quanto no Mineiro, Paulista, Biblioteca Nacional, Hemeroteca Digital e
por aí vai.
E
a publicização da História nas mídias digitais? Alimentadas semanalmente, como
pensando antes.
A
parte chata deste remanejo? A impossibilidade de trabalhar junto à Associação
dos Amigos e Moradores de Peirópolis na organização do rico acervo de fontes do
grupo e não tomar o delicioso café da Alana na Casa PET com as roscas de leite
ninho da mãe da Letícia.
Nesta
dinâmica, a vida seguiu, as apresentações nos eventos também. As pandemias ao
longo da História para o Interpet; a discussão da História Pública, as mídias
digitais e Peirópollis para Sudestepet, Enapet, Jiepe, Anpuh MG. Os jogos sobre
Peirópolis e a Imigração foram apresentados na Jornada Online de História da
UFTM. Preparamos ainda vídeo aulas para o projeto de grêmios estudantis do
ex-petiano e professor da rede pública Renato Ortega.
Neste
dezembro de 2020, o PET História comemorou seus 10 anos de existência. A festa
de comemoração? Foi o lançamento do nosso podcast, Play na História, com
entrevistas com tutora e ex-tutores, petianos egressos e em exercício. Entre
memórias, foi dito que o PET História é uma segunda graduação: você aprende a
lidar com a pesquisa, o ensino e a extensão, mesmo que esteja no começo do
curso e tudo isso ainda pareça nebuloso. De Google Meet a Stream Yard, entre
liga áudio e desliga áudio, o PET nos ensinou a lida virtual do ofício de
professores historiadores do século XXI.
O PET História também é como uma segunda família: tem conflito? Tem. Tem ideias viajadas e sonhos surreais? Sim e sorrindo a gente volta para a realidade. Tem gente que se a bolsa atrasa, as coisas complicam? Tem também e a gente se solidariza. Tem gente com dificuldade para lidar com o isolamento social? Tem e as reuniões e trabalhos são um bálsamo para a solidão e a tristeza.
O
historiador Marc Bloch nos diz que o historiador e o juiz possuem ofícios
parecidos: acessam diversos testemunhos. Mas a semelhança acaba aqui, pois ao
juiz cabe dar uma sentença, um veredito incontestável. A nós, historiadores,
cabe apenas compreender. Compreendemos a nossa realidade em 2020 e tiramos
proveito do melhor que ela poderia nos oferecer. Parabéns PET História: através
de nossas memórias, continuaremos a escrever a sua História.